segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vacina para macacos traz esperança no combate à Aids



Controlar o HIV, vírus que causa a Aids e atinge hoje 34 milhões de pessoas em todo o mundo, não é uma tarefa fácil. Desde 1981, a doença causou 30 milhões de mortes, e uma cura ainda parece distante. Por isso, cada passo dado na luta contra o mal é comemorado pela comunidade científica. Um novo avanço está publicado na edição de hoje da revista científica Nature. Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, produziram uma vacina com o poder de diminuir em até 80% a chance de os macacos rhesus — espécie biologicamente próxima dos seres humanos — adquirirem o vírus da imunodeficiencia símia (SIV), espécie de versão do HIV dos macacos.

A combinação de doses de MVA, Ad26 e Ad35, três tipos de vacina que isoladamente ainda não conseguem um índice de eficácia suficiente para o uso massivo, resultou em uma forma mais eficaz de ataque ao vírus. Além de evitar a transmissão  para animais saudáveis em uma grande quantidade de casos, a imunização conseguiu diminuir o nível de infecção, ou seja, controlar a quantidade de SIV circulando no sangue.

Segundo os autores do estudo, o sucesso da combinação das três vacinas se deve ao fato de ela atingir a superfície proteica do vírus, justamente um dos maiores entraves para as pesquisas com vacinas voltadas para combater o HIV nos seres humanos. As drogas testadas até agora não conseguiram penetrar essa capa e chegar ao interior do vírus da Aids. Já no estudo com os símios, a proteína foi quebrada e os animais tiveram um alto índice de controle e imunização da doença. “Esse novo estudo imunológico cria requisitos a serem cumpridos para bloquear o estabelecimento da infecção”, explicou ao Correio Dan Barouch, líder do estudo. “Trata-se de uma nova estratégia em relação ao tradicional controle da replicação viral após a infecção”, completou.

Essa nova estratégia incluirá uma série de medidas para conseguir bloquear o desenvolvimento do HIV. “Os resultados mostram que os anticorpos para ENV, a proteína envelope que compõe o revestimento exterior do HIV, e a proteção contra a aquisição do vírus apresentam respostas diretamente relacionadas”, disse Michael Nelson, diretor do Programa de Pesquisa Militar em HIV, dos EUA. “Assim, esses distintos processos imunológicos estão ligados ao controle dos vírus em um processo diferente do bloqueio da replicação do vírus”, acrescentou.

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